MI MAIOR, de Milena Rodrigues
Existem livros que surgem em nossas vidas quando menos esperamos. São livros que chegam às nossas mãos por vias distintas e se mostram tão surpreendentes em si mesmos quanto o caminho que percorreram para chegar até seu leitor. Foi dessa forma inesperada que Mi maior, o livro de estreia da jornalista Milena Rodrigues, chegou até mim. Através de uma mensagem privada que o Facebook decidiu não me informar sobre. Então, iniciei minha jornada pelo 42 contos que compõem a obra sagaz que é Mi maior.
Em 42 pequenas histórias, Milena Rodrigues traça um variado panorama da alma humana. O amplo leque de personagens e de situações aqui retratadas, sempre com graça e leveza, compõem um painel do mundo urbano contemporâneo, com suas aventuras e tragédias, seus golpes e trapaças, suas graças e desgraças.
Apesar das muitas surpresas que o livro me proporcionou - desde como chegou às minhas mãos até as histórias contadas -, em momento algum fui pega de surpresa por sua qualidade: algo, bem lá no fundo, aquele 5º sentido que só um leitor assíduo tem, me dizia que seria assim. Milena Rodrigues é uma contadora de histórias nata, dona de uma criatividade invejável. Parafraseando o próprio Ruy Castro, Milena tem facilidade para inventar tramas. Porém, não falo aqui de uma trama qualquer e sim, histórias tão bem construídas que chega ser difícil imaginar como a autora conseguiu falar tanto em poucos parágrafos. Isso não pode ser outra coisa senão um superpoder, e Milena soube dominá-lo como ninguém.
O conteúdo de seus contos é vasto, mas todos se encontram em um único ponto: humanidade. Falar de seres-humanos é falar de vida e falar de vida é adentrar em suas complexidades e peculiaridades. É nesse panorama que os contos gravitam em torno. Longe de qualquer olhar questionador, mas carregado de um tom sagaz, por vezes irônico, mas sempre muito inteligente. Posso dizer que temos de tudo e, melhor ainda, para todos os gostos, o que mostra, claramente, a diversidade de histórias presentes. De pianistas que caem no pancadão com um novo refrão à Mulas Sem Cabeças que fazem um ensaio sexy para um site masculino - este último, certamente, um dos melhores contos que já li na vida de tão sensacional.
Por serem contos curtos e de conteúdo tão interessante, não pude deixar de pensar o quão interessante seria se o livro inteiro - ou determinados contos - fosse trabalhado em aulas de Língua Portuguesa e nas escolas. São textos divertidos, bem escritos, diferentes e criativos como os de Milena Rodrigues que, muitas vezes, fazem falta nas dinâmicas de sala de aula. O quão incrível seria ter trabalhado um dos contos da autora em alguma aula! Quanta gente precisa lê-los!
Ao descobrir que Mi maior foi escrito ao longo de somente duas noites - seria outro superpoder da autora? -, é impossível não ficar ainda mais animado para se debruçar sobre o livro e ler tudo em menos de duas noites - acaba se tornado uma aposta. Foi sorte grande que o livro tenha caído em meu colo e eu só posso fazer uma recomendação a todos vocês: leiam Mi maior. Não somente por ser literatura nacional, mas porque vale muito a "pena" - que, neste caso, está muito mais para prazer do que pena, na verdade. Deixe-se levar por 42 histórias únicas, sem igual e que graças a sua originalidade, nos marcam e nos faz querer compartilhá-las com o mundo. É por isso que estou aqui, é por isso que essa resenha existe.
Termino dizendo - e comemorando - que esta é a 100ª resenha deste blog e agradeço muito à Milena, pois não poderia existir livro melhor para resenhar nesta centésima vez. E você, o que está esperando para adicionar Mi maior na sua lista de livros para ler (e amar!)?
Título: Mi maior
Autor(a): Milena Rodrigues
Editora: 7Letras
Número de páginas: 96
Nota: 5/5
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