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Como Devorar Livros


Recordo-me de um passeio escolar que fiz à cidade de Vassouras (RJ) quando estava no 5º do Fundamental. Foi uma visita da qual não me esqueço até hoje. Conhecer uma cidade com uma presença tão forte do Brasil cafeeiro me marcou muito e eu acho que foi a partir desse dia que passei a gostar tanto de História. Lembro, também, de uma viagem à Petrópolis (RJ) no 2º ano do Ensino Médio e uma tour pelo Rio de Getúlio Vargas no ano seguinte. Todas, visitas que muito me marcaram. A sala de aula é um mundo, um lugar de aprendizado, descoberta e mudança. Porém, ver com seus próprios olhos tudo o que é ensinado consegue ser demasiado emocionante. 

A perda imensurável do primeiro museu desse país, o Museu Nacional, na noite de 2 de setembro, me deixou um vazio no peito. É estranho pensar que o que esteve ali por 200 anos não está mais. É revoltante pensar a razão dessa ausência. As imagens do museu em chamas serão eternizadas em futuros livros de História. Não foi a primeira - mas espero profundamente que seja a última - que um lugar destinado a manter a memória viva foi tomado pelo fogo. O que nos mostra que, de fato, a História se repete - a primeira como tragédia, a segunda como farsa, já diria um certo pensador. 

Nos últimos dois dias, me vi refletindo muito sobre essa tragédia anunciada. Me perguntei se eu mesma não relaxei quanto ao conhecimento. Talvez eu tenha perdido tempo demais reclamando ao invés de dar o devido valor a todo conhecimento que me é proporcionado de segunda à sexta. A universidade sufoca e tem seus (muitos) problemas, mas eu não sou a mesma desde que entrei ali e isso é graças a noção de mundo que me foi dada. 

Ao final, cheguei a mesma conclusão que muitos: é preciso frequentar mais museus e bibliotecas. Isso significa transbordar de conhecimento em um mundo de notícias rápidas - e, por muitas vezes, falsas. Enriquecer a si mesmo. No fundo, é a mesma coisa que nadar contra a maré, ir contra a corrente. O cenário é caótico e desmotivador, mas é preciso resistir. Aprender. Estudar. Abrir os olhos para o que sempre esteve ali e você só não viu. Pensar. Para que os livros de História das futuras gerações não sejam somente carregados de imagens deprimentes. 

Enquanto escrevo, minha memória me presenteia com outros dois momentos. Minha professora de História da América Contemporânea estava certa quando, no período passado, disse que tudo nessa vida se esvai, menos o conhecimento que você adquiriu. Namoros terminam, amizades terminam. O livro empoeirado na estante estará sempre ali para ser lido. Há alguns anos, minha mãe escreveu uma dedicatória que guardo com um carinho enorme que diz: "o sentido contrário é o nosso caminho, o caminho dos grandes filósofos, dos grandes escritores, das grandes descobertas". 

E embora esse texto seja só mais um grito no silêncio, eu ficaria feliz se, pelo menos, chegasse aos ouvidos de alguém. 
terça-feira, setembro 04, 2018 No pessoas devoraram

Dia desses estava conversando com um amigo e comentei que havia começado a fazer aulas de mandarim, ele ficou chocado. Como assim eu estava estudando mandarim e japonês ao mesmo tempo? Isso não é impossível?

Achei a situação engraçada. Afinal, nunca pensei que fosse impossível, a única coisa que passou pela minha cabeça é que talvez eu me confundisse em algum momento. Impossível é algo forte demais. Depois dessa conversa, tenho parado para pensar bastante nesse assunto, sobre como lido com vários idiomas no meu dia a dia sem me embolar e com naturalidade. 

Para os que gostam de idiomas, estar envolto por eles é sempre um prazer enorme. E eu faço isso com muito prazer. Cada vez mais, tenho me aproximado da comunidade virtual de poliglotas e ao assistir o empenho que cada um coloca em aprender determinado idioma, me sinto motivada e certa de que realmente nada é impossível no universo das línguas estrangeiras. Uma simples pesquisa em palestras realizadas por poliglotas também mostram como dominar vários idiomas está longe de ser uma missão impossível ou algo que somente mentes brilhantes podem fazer. 

Coloque na sua cabeça que seu desempenho será proporcional à sua dedicação - eu coloquei na minha. Por algum motivo, quando o assunto são idiomas, as pessoas tendem a permanecer em suas respectivas zonas de conforto ou esperam que duas horas de aula por semana sejam suficientes. Recentemente, vivi uma experiência que me abriu os olhos e fez perceber que eu mesma estava na minha zona de conforto com relação ao inglês. Não é porque acreditamos dominar bem um idioma que precisamos deixá-lo de lado e priorizar outros: o equilíbrio é necessário. 

Só você mesmo pode dizer como conciliar três, quatro, cinco universos (ou seriam idiomas?) na sua rotina. O máximo que posso fazer é vir aqui e compartilhar o que tem dado certo comigo. Uma coisa, no entanto, é fato: se você querer, você aprende - do seu jeitinho, no seu próprio ritmo. O "impossível" é só algo que você ainda não começou a desvendar. 

Dito tudo isso, vamos as dicas!

Áudio em inglês e legendas em francês

Só usando como exemplo mesmo. Você pode assistir um filme espanhol e colocar legendas em italiano, alemão, o que for. O que vale aqui é colocar o seu cérebro nativo em português para trabalhar em dois idiomas ao mesmo tempo. Parece loucura, mas funciona. Se você tem dificuldade para acompanhar áudio e legenda, com o tempo, pega o jeito.

Estude um idioma a partir de outro

Essa dica é para colocar a cabeça para trabalhar mesmo! Ao invés de procurar materiais em seu idioma nativo, que tal tentar em outro idioma? Não falo somente de materiais, mas também na hora de procurar por significado de palavras, frases, etc. Por exemplo, que tal vídeo-aulas de francês em espanhol? Uma coisa que tenho feito bastante agora que comecei a estudar mandarim é usar um dicionário online japonês-mandarim. Dessa forma, estou praticando dois idiomas ao mesmo tempo. 

Faça amigos de vários lugares do mundo

Eu gosto muito de usar aplicativos para falar com estrangeiros. Minha maior descoberta foi o HelloTalk, por onde fiz vários amigos japoneses. Esse aplicativo é muito bom porque deixa bem claro que o objetivo ali é o intercâmbio de culturas e idiomas, nada de namoro. Além disso, é possível trocar com frequência o idioma que você está aprendendo, o que te permite fazer amizade e procurar pessoas de várias partes do mundo e bater papo com elas. 

Se você procurar por pessoas que falem os idiomas que está aprendendo, fica ainda mais fácil de inserir esse idioma no seu dia a dia. Tem horas que estou teclando em japonês, depois mando mensagem para alguém em inglês, aí comento alguma coisa em espanhol, assim por diante. Esforce-se para tornar este contato diário.

Procure por pessoas que te inspirem e motivem

Nunca é bom comparar a sua página 22 com a página 245 de outra pessoa. No entanto, é possível manter uma relação saudável com pessoas que nos inspiram. O studygram/studyblr (contas no Instagram ou Tumblr voltadas para estudo) é um ótimo lugar para encontrar pessoas com objetivos parecidos ao seu e que compartilham sua rotina de estudos online. No meu caso, me sinto muito motivada ao assistir os vídeos da Lindie Bottes no YouTube, ela fala bastante sobre como é estudar idiomas sozinhas e etc. Em suma, procure por quem te motive e te faça querer melhorar a cada dia. 

Separe um dia ou momento para cada idioma

Sendo sincera, isso é algo que raramente faço, mas reconheço que pode ajudar muitos. Costumo deixar que meu humor decida qual língua estudar naquele dia e quando estou com vontade, chego a estudar mais de um.

No entanto, se você se sente mais confortável separando um dia para dedicar-se a um único idioma, tudo bem também. Crie uma agenda, uma rotina de estudos adaptada a sua realidade. Pode ser que na segunda-feira você queira estudar inglês, mas no fim de semana queira ficar livre. Que tal pegar um fim de semana só para assistir filmes em francês e o seguinte em espanhol? Eu costumava assistir filmes franceses nas sextas-feiras. 

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Espero que tenham gostado das dicas. 

Lembrem-se sempre que para aprender um idioma não tem idade. Se joga, vai! 
sexta-feira, março 09, 2018 2 pessoas devoraram

Sarah J. Maas consegue levar seu leitor à loucura em Corte de névoa e fúria, segundo volume da trilogia de fantasia Corte de espinhos e rosas. Afinal, que livro foi esse? Ainda estou processando tudo o que li, com esse universo mágico e único fresquinho na cabeça. Escrevo esta resenha com Prythian na mente. 

Nessa continuação, a jovem humana que morreu nas garras de Amarantha, Feyre, assume seu lugar como Quebradora da Maldição e dona dos poderes de sete Grão-Feéricos. Seu coração, no entanto, permanece humano. Incapaz de esquecer o que sofreu para libertar o povo de Tamlin e o pacto firmado com Rhys, senhor da Corte Noturna. Mas, mesmo assim, ela se esforça para reconstruir o lar que criou na Corte Primaveril. Então por que é ao lado de Rhys que se sente mais plena? Peça-chave num jogo que desconhece, Feyre deve aprender rapidamente do que é capaz. Pois um antigo mal, muito pior que Amarantha, se agita no horizonte e ameaça o mundo de humanos e feéricos. 

Algo que, infelizmente, acontece com certa frequência em séries de livros é que a história vá definhando, perdendo força e ritmo conforme as continuações vão sendo lançadas. Isso não acontece no segundo volume desta trilogia. Muito pelo contrário, em Corte de névoa e fúria, Sarah J. Maas presenteia seu leitor com muita ação e adrenalina, além de desvendar um pouco mais do mundo incrível que criou através das páginas e dar vida a novos personagens - com tanto para acrescentar quanto os que já conhecemos.

Gostaria de falar sobre a personagem principal, Feyre. Desde o primeiro capítulo do primeiro livro, ela é uma personagem que apresenta muito potencial. Tudo seu é muito bem explorado nesta continuação - suas vontades, sentimentos, sonhos, capacidades e principalmente sua força. Feyre tem tudo para ser enquadrada na categoria de heroína contemporânea e é isso que faz com que simpatize tanto com a nossa querida Quebradora da Maldição. Uma heroína que não aceita ficar trancada ou sentada esperando, que está disposta a por a mão no fogo pelo que acredita e quer proteger. A Feyre de Corte de névoa e fúria é uma grande evolução da de Corte de espinhos e rosas - e se a anterior já não era incrível e indomável, a que surge em seguida consegue ser o dobro: ninguém a segura!

Acredito que já tenha ficado claro que este segundo volume é muito mais intenso que o primeiro - em todos os sentidos. Um deles é o romance, que se torna mais apimentado e atraente. Maas dedica páginas a mais para desenvolver cenas românticas - e que cenas! Para quem ama fantasia e romance cheios de reviravoltas emocionantes, esse livro é um prato cheio.

O que mais posso fazer além de esperar pelo terceiro e último livro? O universo de Sarah J. Maas é muito mais do que atraente: é envolvente. O tipo de mundo que você daria tudo para dar uma espiadinha, independente dos possíveis riscos. Estou esperando ansiosamente pelo que está por vir e se tratando dessa autora, só pode vir coisa boa. 
segunda-feira, março 05, 2018 No pessoas devoraram
Relações Internacionais e documentários são coisas que, para mim, se completam. Uma coisa é ler sobre acontecimentos em livros e jornais, outra coisa completamente diferente é vê-los se desenvolvendo diante das câmaras. É por isso que gosto tanto de documentários! Além de proporcionarem uma visão interna de eventos, também funcionam como uma ótima ferramenta de aprendizado.

Portanto, decidi compartilhar aqui no blog oito documentários na área de relações internacionais que todo estudante do curso ou interessado na área deveria assistir - seja por prazer, curiosidade ou dever. Todas as minhas recomendações estão disponíveis na Netflix. Sem mais delongas, vamos a lista!

Final Year (2017)
Este documentário cobre o último ano de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos. É muito interessante, pois não foca somente no ex-presidente, mas também na equipe que o acompanha, aconselha e representa. Final Year fala muito sobre diplomacia, então é o documentário perfeito para os aspirantes à carreira diplomática. Além disso, mostra bem de perto toda a aflição da administração Obama com relação as eleições e a figura emblemática de Donald Trump. Super recomendo! 

Emmanuel Macron: nos bastidores da vitória (2017)
Outro documentário sobre presidentes. Desta vez, a minha recomendação documenta toda a campanha eleitoral de Emannuel Macron à presidência da França - desde sua nomeação ao momento da vitória. Além de ser ótimo para quem quer dar aquela praticada no francês, o documentário também é ótimo por relatar as possíveis polêmicas, dificuldades, discursos e sucessos que fazem parte de qualquer campanha eleitoral. Gostei muitíssimo! 

Joshua: adolescente vs super potência (2017)
Nunca teria conhecido este documentário maravilhoso se não fosse por um amigo querido (valeu, Mateus!). Talvez eu seja um pouco suspeita para falar sobre, já que sou fascinada por Ásia, mas vamos lá. Joshua acompanha o adolescente Joshua Wong, cidadão de Hong Kong, que luta pela autonomia de sua cidade frente ao governo chinês. É um documentário ótimo para entender mais sobre a ideia chinesa de "um Estado, dois sistemas", um pouco da história de Hong Kong e como a oposição se articula na China. 

Salam Neighbor (2015)
Mudando completamente de assunto, minha próxima recomendação está relacionada com a questão dos refugiados. Dois cineastas americanos decidem se mudar para um campo de refugiados na Jordânia, bem próximo da fronteira com a Síria. A ideia é dar voz a todos aqueles que deixaram tudo para trás devido a guerra. Não é um documentário brilhante, mas é, sem sombra de duvidas, muito tocante. Impossível não lembrar das palavras de Bauman, de que os campos de refugiados não são algo intermediário, mas o ponto final. 


Winter on fire: Ukraine's fight for freedom (2015)
Provavelmente um dos melhores documentários que já vi, se não o melhor. O telespectador é carregado para o centro das agitações políticas na Ucrânia: Winter on fire documenta como manifestações estudantis de apoio à integração europeia transformaram-se em um movimento que clamava pela renúncia do presidente Viktor F. Yanukovych. Um documentário que, ao meu ver, deveria ser obrigatório. Forte e composto por imagens poderosas, me fez torcer pela Ucrânia e seu povo.

The Propaganda Game (2015)
O documentário espanhol The Propaganda Game apresenta a viagem do cineasta Álvaro Longoria em visita à Coreia do Norte para explorar a propaganda e manipulação da informação no país. É um documentário intrigante para quem tem interesse no assunto, mas que muito se assemelha a um diário em vídeo. Achei bom, mas tem partes chatas.

Capacetes brancos (2016)
Nas relações internacionais, todo cuidado é pouco - e isso serve para todos os documentários mencionados até aqui. Capacetes brancos não é diferente, mas requer uma atenção bastante especial. O documentário registra as ações de um grupo conhecido como "capacetes brancos", que se dedica a ajudar e salvar civis em meio aos conflitos na Síria. Olhando a partir do ponto de vista humanitário, é maravilhoso e muito tocante. Passando para política, temos o outro lado da moeda. Há quem acredite e defenda que esta organização tem relações com países que defendem a saída de Bashar Al-Assad do poder, além de outros objetivos. Super recomendável, mas que merece muito distanciamento ao assistir. 
Que mundo é esse?
Por último, fica aqui a dica de um programa super bacana chamado Que mundo é esse? e transmitido pela Globonews. Tive o prazer enorme de assistir a palestra de um dos apresentadores, o André Fran, em um evento sobre Oriente Médio e foi através dele que conheci o programa. Além de ser uma produção nacional, é ótimo por mostrar um conteúdo de difícil acesso - da fronteira entre México e EUA à entrevistas em regiões sob controlado do Estado Islâmico. Sugiro a todos procurarem pelos episódios, sei que muitos estão disponíveis na Globonews Play. 
quinta-feira, março 01, 2018 No pessoas devoraram

Não é novidade nenhuma para quem me acompanha em qualquer rede social que eu adoro cultura japonesa. Mesmo assim, não entendo muito sobre literatura japonesa - li pouquíssimos livros, em sua maioria contemporâneos. Por esse motivo, decidi que em 2018 eu começaria a quitar essa dívida. Pesquisei bastante e decidi criar um projeto de leitura para mergulhar de vez na literatura nipônica. Selecionei oito livros para esse projeto, que pretendo completar dentro de um ano e meio, no máximo. O meu objetivo não é somente ler as obras, mas também procurar compreender suas várias camadas e interpretações através de discussões e leituras de apoio. 

Já deixo avisado que alguns autores e obras ficaram de fora dessa seleção. Como não é a minha intenção estender esse projeto por muito tempo, optei por livros mais curtos. Além disso, dentre os autores mais conhecidos, busquei por obras que me despertassem maior interesse. Como vocês podem ver, esse projeto de leitura acaba adquirindo um cunho pessoal, já que foi moldado conforme minhas preferências. Ah! Também não é minha intenção ler por ordem de publicação. Afinal, se for assim, o projeto custa mais para andar, né? 

Sem mais delongas, fiquem com os livros para o meu projeto de leitura: literatura japonesa!


O livro do travesseiro (Sei Shonagon)

Escrito no século X em Quioto por Sei Shonagon, dama da corte da imperatriz Teishi, O livro do travesseiro é a principal obra da literatura clássica japonesa. Composto por mais de trezentos textos curtos — que podem ser lidos em sequência ou com a liberdade do acaso —, o livro compõe um verdadeiro inventário da cultura do Japão feudal, vista pelo olhar poético de uma grande escritora.

Publicado pela Editora 34. Clique aqui para mais informações.


Kyoto (Yasunari Kawabata)

Ambientado no período pós-guerra, o livro narra a trajetória de Chieko, filha adotiva de um comerciante de quimonos, Takichiro, e sua esposa, Shige. Chieko é uma jovem que trabalha na loja da família e a vê em processo de falência, assim como vários outros pontos comerciais da antiga capital japonesa, em razão de mudanças nos valores culturais, agora fortemente influenciados pelo Ocidente. Durante um passeio pela aldeia de Kitayama, região montanhosa na periferia de Kyoto onde são cultivados cedros, Chieko acidentalmente conhece sua irmã gêmea, Naeko. Separadas ainda quando bebês, criadas em ambientes hierarquicamente distantes entre si, as irmãs agora tentam se aproximar, e se deparam com a inevitabilidade do destino, o afloramento da sexualidade e o surpreendente curso do acaso.

Publicado pela editora Estação Liberdade. Clique aqui para mais informações.   


E depois (Natsume Soseki)

O universo de 'E depois' gira em torno do protagonista Daisuke Nagai e sua visão de mundo. Jovem solteiro de 30 anos, ele não trabalha e é sustentado pelo pai abastado, que, por sua vez, não se incomoda tanto com a ociosidade do filho. No entanto, exige que seu herdeiro se case, por uma questão de valores sociais e de interesse para os negócios. Essa situação é uma ofensa para o espírito do filho, contestador da ordem moral vigente e que busca afirmar o tempo todo a importância do individualismo. Tudo se complica quando Daisuke passa a gostar da mulher de um grande amigo. No entanto, o triângulo amoroso não é mote para sentimentalismos, mas o combustível de um homem decidido a romper padrões.

P.S: fiquei com vontade de ler esse livro graças à um dorama que comentei há algum tempinho aqui no blog, o Antiquarian Bookshop.

Publicado pela editora Estação Liberdade. Clique aqui para mais informações. 


Coração (Natsume Soseki)

Coração é um livro que pulsa entre vários mundos: o mundo particular dos dois personagens principais e o da sociedade à sua volta; o mundo da cultura tradicional japonesa e o da modernização ocidentalizante; o mundo da política interna japonesa e o da política internacional. É, assim, um romance que capta as fortes pulsações desses mundos distintos no início do século XX, e reconstrói o modo como ecoam na vida dos dois personagens, “eu” e “professor”. O livro se divide, com simplicidade, em três partes: “o professor e eu”; “meus pais e eu”; “o professor e o testamento”. Na primeira, “eu” narra sua amizade com o “professor”. Na segunda, “eu” parte de Tóquio de volta para sua cidade natal, em função da doença do pai. Coincidindo com a morte do imperador, “eu” deixa, porém, o pai doente e retorna a Tóquio para receber a carta-testamento do “professor” (que constitui a terceira parte do livro, e na qual ele, enfim, revela sua história, incluindo disputas familiares por herança e um triângulo amoroso, com direito ao suicídio de um dos envolvidos — tudo bastante distante, portanto, do que indica a rígida etiqueta social nipônica).

Publicado pela editora Globo Livros. Clique aqui para mais informações. 

O pavilhão dourado (Yukio Mishima)


Durante a Segunda Guerra, em Quioto, um jovem assistente de sacerdote frequenta o templo do Pavilhão Dourado, ambiente antes cultuado por seu pai como o lugar mais belo do mundo. Ali, Mizoguchi, adolescente inseguro, introspectivo, que sofre de gagueira e é incapaz de estabelecer verdadeiras amizades, encontra refúgio para suas aflições. Quando conhece Kashiwagi, deficiente físico muito mais experiente no mundo e no sexo, Mizoguchi desperta para o que chama de mal absoluto. O conhecimento do mal, associado à ideia de perfeita beleza, princípio básico do Pavilhão Dourado, faz com que o jovem alimente sonhos de destruição e autodestruição, estranhas conjecturas sexuais e reflexões sobre o significado dos valores universais, numa tortura mental que revela que o mal e a beleza não estão tão distantes quanto parecem.

Publicado pela editora Companhia das Letras. Clique aqui para mais informações.                                                                     
Uma questão pessoal (Kenzaburo Oe)

Em 1964, o romancista japonês Kenzaburo Oe recebia a notícia de que seu primeiro filho nascera com uma anomalia cerebral. É a mesma situação enfrentada pelo protagonista de Uma questão pessoal, o professor Bird. Aos 27 anos, ele leva uma vida mediana, bebendo pelos bares de Tóquio e sonhando com aventuras no distante continente africano. A gravidez da mulher acrescenta angústia ao cotidiano de Bird. A idéia de que será pai e chefe de família faz com que se sinta condenado à vida cotidiana. Para piorar, depois do parto, os pais descobrem que uma anomalia cerebral fará o menino ter uma vida vegetativa. Bird não suporta a possibilidade de se ver atrelado para sempre a um filho anormal. Passa, então, a desejar a morte da criança. Aos poucos, porém, Bird se dá conta de que a crise era uma oportunidade para percorrer um caminho de conquista da realidade, enfrentando os desafios de amadurecimento da vida adulta.

Publicado pela editora Companhia das Letras. Clique aqui para mais informações. 


O museu do silêncio (Yoko Ogawa)

Os museus têm como pressuposto guardar objetos de valor histórico ou científico para fins de exibição pública, de modo a registrar à posteridade a importância que eles tiveram para a humanidade num período determinado. Mas como seria no caso de um museu que tivesse como objetivo preservar lembranças de pessoas que morreram? Essa é a essência da trama proposta pela japonesa Yoko Ogawa neste O Museu do Silêncio.

Publicado pela editora Estação Liberdade. Cliquei aqui para mais informações.







Kappa e o levante imaginário (Ryunosuke Akutagawa)

Kappa e o Levante imaginário promove um sobrevoo pela obra de Akutagawa, mestre inconteste da narrativa breve, trazendo ao leitor contos inéditos no Brasil, como Inferno, O dragão e Rodas dentadas, entremeados por novas traduções de contos célebres da narrativa japonesa moderna, como Rashomon e o controverso Kappa. 

Publicado pela editora Estação Liberdade. Clique aqui para mais informações. 
sexta-feira, fevereiro 23, 2018 1 pessoas devoraram

Em Por que ler os clássicos, Italo Calvino fala que um livro conceituado como clássico é, dentre tantas outras explicações, um livro que nunca terminou aquilo que tinha para dizer e que suas leituras são, na verdade, releituras. Enquanto era levada pela narração da pequena Scout Fincher em O sol é para todos, não consegui pensar em outra coisa senão nas palavras de Calvino. A primeira obra de Harper Lee é considerada um clássico não só da literatura norte-americana, como também da mundial, passando por todas as descrições de Calvino. 

Ao apresentar ao leitor a vida dos irmãos Jem e Scout Fincher, filhos do advogado Atticus Finch, Harper Lee está tocando em um dos assuntos mais delicados e presentes na história dos Estados Unidos: o preconceito. Nascidos e criados na pequena e conversadora cidade de Maycomb, O sol é para todos narra uma série de acontecimentos que chacoalham a vida dos irmãos Fincher: das tentativas de fazer o vizinho misterioso Boo Radley sair de casa ao momento em que seu pai é encarregado de defender um homem negro, Tom Robinson, de estuprar uma garota branca.

A narração por Scout Fincher, uma garota de apenas seis anos de idade, dá ao livro um toque delicado a um tema forte e espinhoso. A Maycomb apresentada no livro é a cidade pelos olhos de uma criança em formação e sem conhecimento de 1/3 das camadas que uma sociedade pode ter. Pelas entrelinhas, o leitor vai traçando suas características. É interessante notar que a escolha por uma cidade em Alabama não é coincidência: o sul dos Estados Unidos é e sempre será marcado pela escravidão.

Na primeira parte do livro, Scout mostra-se uma menina curiosa ao compartilhar suas aventuras ao lado do irmão e seu amigo, Dill. Harper Lee muda o ambiente tranquilo dos personagens na segunda parte, quando os habitantes de Maycomb reagem de maneiras distintas às atitudes de Atticus Finch na defesa de Tom Robinson. Sendo assim, se na primeira parte o leitor conhece Maycomb, é somente na segunda que o mesmo enxerga a cidade, que ganha vida ao mostrar as garras. Tanto Scout quanto Jem sentem na rotina os efeitos da decisão do pai. Atticus Finch é, aliás, um dos personagens de coração mais puro que já vi na literatura.

O sol é para todos discute com uma delicadeza única temas como racismo, direitos humanos e heranças (negativas) históricas. Ouso dizer que as leituras desta obra não se cessam, pois os sentimentos explorados na mesma permanecem vivos além das páginas. Trata-se, portanto, de uma história que se encontra não somente nas linhas ou entrelinhas, mas na pele de muitos.

Na minha estante há tempos, admito que adiei minha leitura de O sol é para todos o máximo que pude, encontrando no inglês bastante informal uma desculpa para tanto. No entanto, acredito que li no momento certo. Provavelmente um dos melhores livros que já li, digno de todos os elogios e prêmios recebidos.

Uma verdadeira obra prima! Palavras nunca serão demais para retratá-la, buscam "somente" se aproximar de toda a sua grandeza. 
segunda-feira, fevereiro 19, 2018 2 pessoas devoraram
Como estudante de relações internacionais, tenho que estar sempre à par dos acontecimentos do mundo, lendo livros da área, etc - eu tento, na verdade. No entanto, existem momentos em que não sinto vontade de ler nada acadêmico, momentos em que prefiro a ficção, por exemplo. O legal da literatura é que posso unir o útil ao agradável: que tal ler livros que carreguem alguma temática das relações internacionais? 

Separei alguns livros que, ao meu ver, se encaixam bem nessa categoria. Vamos dar uma olhada?

Para começar bem, minha primeira e maior recomendação é O livro do destino da Parinoush Saniee - que já foi resenhado aqui no blog. Nunca vi ninguém comentando sobre ele, o que é uma pena porque este é um livro espetacular. Proibido no Irã, conta a história de Massoumeh, uma jovem na Teerã pré-revolucionária. Prepare-se para uma verdadeira viagem ao Irã, sua cultura e história através das páginas desta obra! O livro do destino trata com maestria de assuntos relevantes - como os conflitos resultantes do que é ser mulher em um país sob transição e conservador.

Já que estamos falando de Oriente Médio, minha próxima recomendação são duas histórias em quadrinhos maravilhosas. A primeira é Persépolis, autobiografia da iraniana Marjane Satrapi. Através das páginas de seu livro, podemos compreender melhor o que foi a Revolução Islâmica na pele de uma mulher - Satrapi, de um dia para o outro, se vê obrigada a usar o véu islâmico. A outra dica é O árabe do futuro, uma trilogia autobiográfica de Riad Sattouf, que conta sobre a juventude no Oriente Médio - em especial, a Síria. Entre esses duas, a minha HQ preferida é O árabe do futuro. Gostei mais dos traços do desenho, do colorido e achei mais divertido.

Continuando no Oriente, falemos de Nas sombras do Estado Islâmico de Sophie Kasiki. Conheço quem não tenha gostado deste livro, mas eu gostei. Trata-se de um livro que muito certamente te deixará indignado em algum momento. O leitor precisa estar de mente aberta para não tecer julgamentos sobre a autora. Nas sombras do Estado Islâmico é o testemunho de uma mulher francesa que decidiu ir para a Síria e unir-se ao Estado Islâmico. Acho que esse livro mostra bem como o grupo terrorista recruta membros estrangeiros e europeus, assim como o perfil dos recrutados.

Minha próxima indicação é o livro O século XXI pertence à China?, a transcrição de um debate entre Henry Kissinger (o próprio!), Fareed Zakaria, Niall Ferguson e David Li. Um livro bem curtinho, mas repleto de informações - lembro de ter lido em uma tarde. Por se tratar de um debate, é bem dinâmico e tem aquela troca de farpas típica, uma vez que os debatedores têm opiniões diferentes. A graça está justamente aí, em ler sobre pontos de vista distintos com relação à ascensão da China.

Ainda na Ásia, minha próxima dica são três biografias. Para você que tem interesse no regime norte-coreano (e seus mistérios), a minha recomendação é Para poder viver de Yeonmi Park e Fuga do campo 14 de Blaine Harden - este último, é a biografia de Shin Dong Hyuk. Ambos contam sobre sua dramática jornada em busca da liberdade. São livros emocionantes e dolorosos. Porém, todo o cuidado é pouco! Tanto Yeonmi Park quanto Shin Dong Hyuk já voltaram atrás com seus relatos, contradizendo situações que foram mencionadas no livro. Portanto, não leve tudo como 100% verdadeiro. Eu sou Malala de Malala Yousafzai e Christina Lamb também é um ótimo livro. Impossível não se sentir inspirado com a história de Malala e grato pela chance de estudar.

Para finalizar com chave de ouro, recomendo Procurado de Peter L. Bergen. Comentei sobre esse livro no Instagram e vi que ninguém conhecia. Também foi uma surpresa para mim, encontrei bem por acaso na Bienal de 2017. Esta obra relata a caçada de Osama Bin Laden. Trata-se de um livro muito completo, do tipo que não deixa sobrar duvidas. Repleto de entrevistas com pessoas que trabalharam e ajudaram, de alguma forma, a localizar Bin Laden - tanto americanos quanto paquistaneses. Li rapidinho e recomendo demais! Os apaixonados por Segurança piram!

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Espero que tenham gostado das minhas indicações. Bateu aquela vontadezinha de ler algum dos títulos acima? Já leu algum desses? Tem alguma recomendação para mim? Deixe nos comentários!
domingo, fevereiro 04, 2018 No pessoas devoraram
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Rebecca Souza, aspirante à escritora e poliglota.
Estudante de Relações Internacionais, apaixonada pela língua de Cervantes e Soseki, sonha em publicar um livro. Em 2013, criou o Como Devorar Livros para compartilhar suas experiências literárias e desde então não parou: de ler e falar sobre os livros que leu.

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