Mesa redonda: língua original ou tradução?
É isso aí, a categoria mesa redonda está de volta para mais uma discussão. Desta vez, escolhi um assunto que há muito tempo estou querendo abordar aqui no blog: ler livros em sua língua original ou traduzidos para o português. Não sei se cheguei a mencionar aqui, mas ano passado dei um ponta pé inicial para a minha leitura de livros em seus idiomas originais, mais como um método de aprendizado do que por curiosidade. Li um livro de poemas de Pablo Neruda em espanhol e uma aventura de Doctor Who em inglês.
Ler em outras línguas é completamente diferente de ler em português. Sim, é preciso afirmar isto mesmo que seja óbvio. Ao ler em português, desconhecer o significado de uma palavra não é grande coisa. No entanto, se tratando de outra língua, isso pode ser uma pedra no caminho e até desanimar quem estiver se aventurando na leitura, uma vez que pode resultar em uma incompreensão geral. Certamente é muito chato parar hora ou outra (ou toda hora) para checar o significado de uma palavra no dicionário, pior ainda é ler um parágrafo, uma página inteira e não compreender nada do que está se passando. Até o estudante mais fluente já passou por uma situação parecida e não é por isso que se deve abandonar a leitura - se fosse assim, pode ter certeza que eu teria largado Doctor Who logo nos primeiros capítulos devido ao uso de tantos termos britânicos que nunca havia visto na vida.
Muitas pessoas me dizem que ler um livro em sua original é muito melhor, pois a tradução pode ser falha. Será que é melhor mesmo? Ler em língua original não só exige um conhecimento, por vezes avançado, da língua em questão, como também uma interpretação mais atenta e pensada devido a diferença cultural. Há toda uma essência em volta de um livro original, tal essência que chega a ser difícil de descrever. Ler os poemas em Neruda em espanhol é completamente diferente, mas por que? Porque essa escolha também vem do leitor. Eu gosto da sonoridade da língua espanhola, então ao meu ver, as palavras, especialmente quando ditas, parecem bem colocadas, pensadas. Fica bonito! No entanto, isto não torna os poemas traduzidos menos belos. Pelo contrário, a língua portuguesa é tão rica, que é possível realizar traduções de diversas formas e nenhuma ficará igual a outra. E é por ela ser tão rica e por esta riqueza ser tão pouco explorada, e que quando explorada, por muitas vezes, não somos capazes de compreender, que também sou apaixonada por poemas traduzidos para o português. Mas, de fato, há algo que se esconde ou se perde até mesmo nas traduções mais fiéis, como uma rima que não se enquadra, um ritmo de leitura que perde ou ganha uma nova forma. Isso acontece. Pode ser que muitos esperem que não aconteça, mas acontece.
Afinal, a tradução, nada mais é, do que a interpretação de algo (e sabemos que pode vir a ser de uma pessoa física também) de uma língua para outra. Se tem uma coisa que aprendi durante todo o meu aprendizado de línguas, é que nenhuma língua é igual a outra e que línguas, apesar de muitas conterem gramáticas semelhantes, oriundas da mesma família, não funcionam da mesma forma - isso ocorre devido tanto a fatores histórico-culturais como econômicos. Então, não, ler em espanhol nunca será a mesma coisa que ler em português. Ler em inglês tampouco será como ler em alemão.
Existem traduções ótimas, assim como existem traduções péssimas - e que custamos para descobrir que são péssimas. Esta última, capaz de confundir o leitor e no pior dos casos, empobrecer uma história. Eu não acho que a tradução deva ser desmerecida, afinal, o ato de traduzir nunca é fácil. Ler em línguas diferentes proporciona ao leitor sensações diferentes, mas se for para ser sincera, eu me sinto muito mais confortável - esse sentimento que temos de sentir-se em casa - lendo na minha complexa, porém boa e repleta de mistérios, língua portuguesa, do que em qualquer outro idioma. Não só por uma questão de facilidade (ou de preguiça), mas porque eu gosto de como as coisas adquirem forma no português e de como elas soam, ou de como penso que as deviam soar. Ler em língua original é legal? É ótimo! Você não só aprende, como também pratica sua leitura e descobre o seu nível. Eu pretendo continuar lendo em língua original, mas é preciso reconhecer que é algo que requere mais tempo e atenção. Mas não, não pretendo parar por aqui. Uma hora ou outra, lerei algo em inglês ou espanhol. Quem sabe tente (pela quinquagésima vez) me aventurar pelo japonês. Só faço questão de não me esquecer que o primeiro livro que li foi em português, o que se encontra na minha cama pronto para ser lido após terminar de escrever este texto também é em português, e o que chegou pelo correio há dois dias atrás - adivinha só! - se encontra em português. Eu não faço questão e nem gosto de menosprezar minha língua, uma vez que é ela, mesmo que rebuscada e que eu ainda não a compreenda completamente, que expressa o meu eu em sua totalidade. Pois acredito que existem "eus" diferentes em línguas diferentes. Eu sempre serei uma pessoa mais séria e formal se for falar em japonês. Mas a essência de mim mesma só será encontrada em uma única língua: a materna.
Como vocês podem ver, este não é para ser um texto conclusivo - e acredito eu, que fugi um pouco da questão principal. Porém, não estou tentando concluir nada, só inserindo ideias no papel. Ainda tenho muito o que percorrer nessa imensidão que é a literatura em língua original para poder tirar alguma conclusão.
Enquanto escrevia, acabei por me lembrar de uma frase que ocasionalmente escuto (e que não me agrada nenhum pouco, não só por desprezar a própria língua materna da pessoa): ai, tudo soa tão melhor em inglês! Não, meu amigo(a), as coisas não soam melhores em uma única língua. Se soam belas em outra língua, é porque certamente adquirem uma forma diferente em sua língua mãe, é porque são originadas de pontos diferentes na história da linguagem.
Muitas pessoas me dizem que ler um livro em sua original é muito melhor, pois a tradução pode ser falha. Será que é melhor mesmo? Ler em língua original não só exige um conhecimento, por vezes avançado, da língua em questão, como também uma interpretação mais atenta e pensada devido a diferença cultural. Há toda uma essência em volta de um livro original, tal essência que chega a ser difícil de descrever. Ler os poemas em Neruda em espanhol é completamente diferente, mas por que? Porque essa escolha também vem do leitor. Eu gosto da sonoridade da língua espanhola, então ao meu ver, as palavras, especialmente quando ditas, parecem bem colocadas, pensadas. Fica bonito! No entanto, isto não torna os poemas traduzidos menos belos. Pelo contrário, a língua portuguesa é tão rica, que é possível realizar traduções de diversas formas e nenhuma ficará igual a outra. E é por ela ser tão rica e por esta riqueza ser tão pouco explorada, e que quando explorada, por muitas vezes, não somos capazes de compreender, que também sou apaixonada por poemas traduzidos para o português. Mas, de fato, há algo que se esconde ou se perde até mesmo nas traduções mais fiéis, como uma rima que não se enquadra, um ritmo de leitura que perde ou ganha uma nova forma. Isso acontece. Pode ser que muitos esperem que não aconteça, mas acontece.
Afinal, a tradução, nada mais é, do que a interpretação de algo (e sabemos que pode vir a ser de uma pessoa física também) de uma língua para outra. Se tem uma coisa que aprendi durante todo o meu aprendizado de línguas, é que nenhuma língua é igual a outra e que línguas, apesar de muitas conterem gramáticas semelhantes, oriundas da mesma família, não funcionam da mesma forma - isso ocorre devido tanto a fatores histórico-culturais como econômicos. Então, não, ler em espanhol nunca será a mesma coisa que ler em português. Ler em inglês tampouco será como ler em alemão.
Existem traduções ótimas, assim como existem traduções péssimas - e que custamos para descobrir que são péssimas. Esta última, capaz de confundir o leitor e no pior dos casos, empobrecer uma história. Eu não acho que a tradução deva ser desmerecida, afinal, o ato de traduzir nunca é fácil. Ler em línguas diferentes proporciona ao leitor sensações diferentes, mas se for para ser sincera, eu me sinto muito mais confortável - esse sentimento que temos de sentir-se em casa - lendo na minha complexa, porém boa e repleta de mistérios, língua portuguesa, do que em qualquer outro idioma. Não só por uma questão de facilidade (ou de preguiça), mas porque eu gosto de como as coisas adquirem forma no português e de como elas soam, ou de como penso que as deviam soar. Ler em língua original é legal? É ótimo! Você não só aprende, como também pratica sua leitura e descobre o seu nível. Eu pretendo continuar lendo em língua original, mas é preciso reconhecer que é algo que requere mais tempo e atenção. Mas não, não pretendo parar por aqui. Uma hora ou outra, lerei algo em inglês ou espanhol. Quem sabe tente (pela quinquagésima vez) me aventurar pelo japonês. Só faço questão de não me esquecer que o primeiro livro que li foi em português, o que se encontra na minha cama pronto para ser lido após terminar de escrever este texto também é em português, e o que chegou pelo correio há dois dias atrás - adivinha só! - se encontra em português. Eu não faço questão e nem gosto de menosprezar minha língua, uma vez que é ela, mesmo que rebuscada e que eu ainda não a compreenda completamente, que expressa o meu eu em sua totalidade. Pois acredito que existem "eus" diferentes em línguas diferentes. Eu sempre serei uma pessoa mais séria e formal se for falar em japonês. Mas a essência de mim mesma só será encontrada em uma única língua: a materna.
Como vocês podem ver, este não é para ser um texto conclusivo - e acredito eu, que fugi um pouco da questão principal. Porém, não estou tentando concluir nada, só inserindo ideias no papel. Ainda tenho muito o que percorrer nessa imensidão que é a literatura em língua original para poder tirar alguma conclusão.
Enquanto escrevia, acabei por me lembrar de uma frase que ocasionalmente escuto (e que não me agrada nenhum pouco, não só por desprezar a própria língua materna da pessoa): ai, tudo soa tão melhor em inglês! Não, meu amigo(a), as coisas não soam melhores em uma única língua. Se soam belas em outra língua, é porque certamente adquirem uma forma diferente em sua língua mãe, é porque são originadas de pontos diferentes na história da linguagem.
6 pessoas devoraram
Meu sonho praticamente, é conseguir conhecimento o suficiente para ler toda uma obra em inglês e ter total compreensão. Assim como em filmes, eu prefiro tudo em sua língua original, pois quando se traduz, para mim, se perde um pouco a essência, já que não parte mais tanto da pessoa que o fez, e sim de quem a interpretou. Não sei se deu para entender meu ponto de vista, mas... Eu ainda quero ter toda a coleção de HP em minha casa na língua original, porque nada melhor do que ler tudo nas palavras da maravilhosa J.K Rowling, é meio que uma neura, mas uma neura boa, creio eu. Beijos!
ResponderExcluirDesfocando Ideias
Hahaha, também pretendo fazer isso algum dia! Reler HP tudo em inglês! Estão lançando umas edições de colecionador com capas maravilhosas…. *-*
ExcluirJá viu :D ?
http://casteloanimado.blogspot.com.br
Quando leio em inglês, eu não me importo em ter total compreensão, contanto que eu entenda tudo o que está se passando, um verbo/vocabulário que não conheço podem aparecer e assim que se aprende, não?
ExcluirEu prefiro filmes legendados também porque gosto de escutar a voz dos atores, mas quando se trata de animações, prefiro dubladas porque... Não sei, é estranho assistir desenhos em outra língua (fora os animes), parece que não tem tanta graça. Mas a função do tradutor também é captar esta essência, claro que é impossível reproduzir o que o escritor estava pensando, mas o tradutor deve se aproximar ou tentar, através da leitura do texto original.
Também quero ler HP em inglês algum dia, quando eu não tiver preguiça, quem sabe. XD
Essa é uma discussão que eu vivo travando comigo mesma. AMO ler em inglês, até porque assim treino bastante meu vocabulário. Tem coisas (piadas, trocadilhos, termos) que só conseguem alcançar todo o seu sentido se lidos na língua original da obra. Lendo Rick Riordan em português, por exemplo, fico traduzindo na minha mente como ficaria aquele trocadilho do Percy ou do Leo em inglês, e fica muito mais engraçado! Mas eu amo a língua portuguesa. Ao mesmo tempo que gosto de ler livros em sua língua original, amo ler livros em português. Fica a deixa para durgirem mais autores nacionais!! hahahaha
ResponderExcluirBjoos
http://casteloanimado.blogspot.com.br
Eu tentei ler um livro do Percy Jackson em inglês (era um especial, guia de alguma coisa lá) e não curti muito não, porque eu não fazia ideia do nome dos deuses gregos e seres mitológicos em inglês. Se em português, eu já consigo me esquecer ou embolar, imagina em inglês, mesmo que a linguagem dos livros do Rick sejam super simples. :D
ExcluirQual teu nível de japonês? A quanto tempovc estuda? Tô indo pro N4.
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