Com Pipoca: A menina que roubava livros

by - domingo, fevereiro 02, 2014


A adaptação cinematográfica do livro de Markus Zusak, "A menina que roubava livros", era uma das mais aguardadas não só pelos blogueiros literários, mas também por grande parte dos apaixonados por literatura. Para fechar o mês de Janeiro com chave de ouro, o filme chegou aos cinemas brasileiras na sexta-feira passada (31/01). Para os que não sabem, não viram ou começaram a acompanhar o blog recentemente, eu resenhei o livro há quase um ano atrás. Quem estiver interessado, pode ler a resenha aqui

Diferente de como costumo resenhar tudo o que leio ou assisto, desta vez, quero começar pelos pontos francos. A narrativa do livro é única, afinal, não é todo livro que tem a Morte como narradora. Principalmente, uma Morte sarcástica, irônica e por vezes, engraçada. A essência de A menina que roubava livros está, em boa parte, nesta narrativa que considero muitíssimo original. Infelizmente, não foi possível manter esta essência quando a história foi adaptada para as telonas. Tem um narrador? Sim. É a Morte? É. Mas por se tratar de um filme e não de um livro, não tem como um narrador estar presente a todo o momento. Eu nunca tinha parado para pensar nisso até chegar ao meio do filme. 

Outro fator que me deixou um tanto agoniada, não decepcionada, somente agoniada, foi que a história se passa na Alemanha nazista. Está bem, mas cadê a agonia nisso? A agonia não se encontra aí, mas sim, no fato de que todos os livros apresentados no filme estão em inglês. Considero isso uma grande falha por parte da produção, que tentou reproduzir o cenário e o ambiente da Alemanha em tempos de guerra. Ficou ótimo, isso realmente ficou. Teve cenas que até me arrepiaram. 

Certa vez estava discutindo com uma colega sobre livro e disse que a adaptação mais fiel só poderia ser feita na Alemanha, em língua alemã, por atores alemães. Não estou criticando o elenco ou a produção, mas nem sempre é possível trazer um toque realístico e eu acredito que este toque, só poderia ser dado por alemães. A produção pode ter tentado, colocando um diálogo ou outro em alemão, mas ainda sim, é diferente. 

O ritmo ao início do filme é rápido, bem rápido, no entanto, as coisas começam a mudar e o filme adquire um ritmo completamente lento, que entediou muita gente na sala de cinema (cheguei a escutar um "o filme não acaba, não?" durante a sessão). Para ser sincera, não me senti incomodada com o ritmo dos acontecimentos, acredito que a tendência agora, é das adaptações ficarem cada vez mais longas, de forma que as tornem mais fiéis. 

O elenco é ótimo (Rudy é um fofo!). Certas cenas conseguiram me deixar arrepiada enquanto outras, foram feitas para fazer com que o telespectador pense, pense e pense. O cenário ficou maravilhoso, a relação entre Max e Liesel ficou ainda mais bonita e adorei como o filme terminou. 

É um filme que recomendo, no entanto, não para todos. Não se trata de um filme histórico, mas que se desenvolve em volta deste assunto. Porém, quando digo que não é para todos, quero dizer que vi gente entrando na sessão, que provavelmente nunca tinha ouvido falar de Hitler, Alemanha nazista ou estudado um pouquinho de Segunda Guerra (um de meus assuntos prediletos, se querem saber). 

Quero terminar esta resenha com uma frase do livro: "Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler." Eu parei, e você? 


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2 pessoas devoraram

  1. Adorei a resenha Rebecca! Tentei ler o livro uma vez, mas parei nas primeiras páginas (quem sabe esse ano eu não tento novamente), mas enfim... Ainda não tinha lido nenhuma resenha do filme e a sua me deixou bem curiosa. As adaptações hoje em dia me deixam com medo, algumas não gosto nem de ver para não misturar as maluquices que inventam no cinema com a real história do livro, mas acho que esse filme talvez possa me incentivar a ler o livro, então é um ponto positivo :)
    Beijos!

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  2. Adorei a resenha. Tive uma enorme dificuldade de ler esse livro, mas enfim, consegui.
    Ele é de arrancar suspiros! O filme foi fiel, apesar de alguns pontos (como o caso do prefeito) :x
    Beijos,
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