Sarah Dessen não é um dos nomes populares quando se trata de autores estrangeiros em estantes brasileiras. No entanto, de tanto ver gente falando desta escritora na internet e da insistência da Pam do Garota It de que todo mundo deveria ler Sarah Dessen, acabei me rendendo. Como gosto de mesclar livros com estações do ano, achei que A caminho do verão devia entrar para as leituras de verão e no fim, acabou entrando mesmo.

Após receber um porta-retrato de seu irmão, que vive inúmeras aventuras na Europa, com o escrito "O melhor de todos os tempos", Auden decide fazer diferente neste último verão antes de entrar na faculdade. Isto inclui passar um tempo na casa de seu pai, com sua madastra e a recém-nascida meia irmã, em Colby, uma cidade pequena litorânea. Também inclui trabalhar em uma boutique toda pintada de rosa, novas amizades, amores e quem sabe, se divertir como Auden nunca havia se divertido antes na vida.

Comecei a minha leitura de A caminho do verão esperando que fosse a melhor leitura do verão. Ainda não sei se é, afinal, o verão está um pouco longe de terminar (infelizmente). A questão é que acabei criando muitas expectativas quanto ao livro, mesmo tendo pouco conhecimento da história. Essa expectativa acabou me direcionando a uma pequena decepção, pois o livro não alcançou muito bem as minhas expectativas.

Auden é uma personagem que, ao meu ver, carrega um temperamento forte, mas é tão confusa quanto qualquer outro jovem de sua idade. O livro gira em torno de sua tentativa de transformar suas férias de verão em algo memorável e digno de se colocar em um porta-retrato. A minha indignação começou por aí: Auden não estava fazendo muito para tornar seu verão em algo especial. Se o livro é sobre uma personagem que julgo "paradona", é óbvio que este também terá um ritmo lento. Isso é uma coisa que eu particularmente não gosto muito e acaba não prendendo muito minha atenção, mas que permite acompanhar o crescimento da personagem.

Tudo bem, todo mundo tem um personagem que não vai muito com a cara. Inicialmente, não fui com a cara de Auden e a personagem me irritava. O personagem mais interessante é, de fato, Eli, um garoto misterioso que Auden conhece. Ficava esperando o tempo inteiro para que Eli aparecesse e desse uma animada no livro em si. O livro trás todo um ar de romance em sua orelha, mas não se engane: o foco está longe de ser Auden e Eli. Na verdade, tire Eli. O foco maior é em Auden.

O cenário da história é espetacular e os personagens secundários tornam tudo ainda melhor, carregando consigo um carisma que foi difícil não me sentir conquistada por eles. Ao meu ver, Colby estava longe de ser uma cidadezinha pacata. Enquanto lia, sentia até vontade de entrar no livro e viver tudo o que os personagens viviam. O que os torna divertidos é que a autora soube retratar muito bem as diversas personalidades dos jovens de hoje em dia, os casos que vivem e os assuntos que não saem de suas cabeças. Tudo isso sem nunca cair na linha do clichê.

A caminho do verão fala sobre família, amigos, mudar a si mesmo de uma forma que faz o leitor refletir. O tipo de livro que certamente nos proporciona muito mais do que a primeira lida permite enxergar, o que me deixa com vontade de ler novamente daqui a alguns anos. No entanto, o livro ganha em seu melhor questionamento, me fazendo parar para pensar: se eu tivesse um porta-retrato escrito "o melhor de todos os tempos", qual foto eu colocaria? Uma que eu já tenho ou uma que ainda irei tirar?